A luta pela conservação é também uma luta política e, a luta política, também é uma batalha pelo futuro da nossa espécie. Não nos serve conhecimento científico que fica nas gavetas dos centros de pesquisa sem haver luta popular para que esse conhecimento seja aplicado.
Precisamos de pesquisas em biologia da conservação, mas carecemos, ainda mais, de iniciativas sociais nessa área, iniciativas que entendam o papel político do conhecimento científico na busca da transformação de uma humanidade que destrói os ecossistemas e a si. Infelizmente, uma dita "conciliação pragmática" com os setores mais agressivos do agronegócio não tem funcionado para a conservação. Não se pode conciliar o que é inconciliável. Uma economia que quer crescer infinitamente num mundo de recursos finitos e inconcordável.
Diante disso, dói ver desaparecer quem luta com o "pragmatismo" que precisamos de verdade. A causa da conservação, do ambientalismo é uma causa que não concerne apenas a ciência, é uma causa de transformação social. Não é possível falar de conservação sem falar de capitalismo.
E existem pessoas que dão a vida por essa causa, que deram a vida pela conservação dos ecossistemas. Não deveria ser assim.
Não nos ouvem, não temos poder político, pois não temos poder econômico. Se não nos ouvem, precisamos gritar, quando gritamos, eles nos matam. E isso é o que mais dói. Lutamos pelo direito a vida, o direito de todas as formas de vida e a perversidade desse sistema econômico nos mata, nos silencia, tortura. Isso deve nos fazer refletir sobre nosso papel aqui atrás dessas telas e teclados. Isso é sobre a nossa hipocrisia.
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