Qual a importância das políticas educacionais para a divulgação científica? Simbora arranhar a superfície da complexidade que envolve a popularização da ciência.
Muitas vezes nos esquecemos da profunda crise educacional brasileira, fruto de um projeto de país que olha para o ensino de ciências ainda de maneira muito técnica e reducionista. Para que tenhamos uma divulgação científica mais sólida no Brasil, dependemos de uma educação básica que demostre o que é a ciência em sua diversidade e história. Que leve nossos jovens até um ceticismo bem embasado para refletir e agir sobre a sua realidade. Infelizmente a educação brasileira ainda patina nesse aspecto.
E o que temos hoje? Um projeto de educação voltado para o mundo do trabalho, que nem sequer disso dá conta. Um projeto em que nossas crianças e jovens não são confrontados de maneira cuidadosa com as contradições da nossa realidade sob a perspectiva do conhecimento científico. A formação acrítica que tanto falamos é resultado (e também causa) disso e de centenas de outros problemas das políticas educacionais que refletem nos currículos, na gestão escolar e no chão da sala. Ou seja, pensar num ensino de ciências de qualidade demanda pensar em políticas educacionais.
Quando pensamos e agimos sobre as políticas educacionais, também lutamos pelo acesso democrático ao conhecimento científico. Esse acesso irá refletir em consumidores e produtores de conteúdo de divulgação científica de qualidade, levando o estudo da ciência para o resto da vida, e muitas vezes, levará também a formação de futuros pesquisadores e pesquisadoras.
Uma das lutas mais básicas que devemos que fazer pela ciência é na educação, que deixamos às vezes de lado pensando que a divulgação científica vai salvar o Brasil do negacionismo, da desinformação e dos retrocessos. Precisamos de um plano de longo prazo para vacinar o povo contra a ignorância. Esse plano se trata de uma política de estado de educação que valorize a formação crítica e não a formação de mão de obra acrítica. Tanto o ensino de ciências como para a divulgação científica, dependem disso. Essa luta é colossal e enfrenta os interesses de gente rica e poderosa. Gente que está por trás dos currículos da educação básica. Percebem como a divulgação científica na internet está inserida em um ambiente complexo? Não dá para ser reducionista e pensar que ela vai salvar o Brasil da ignorância, mas também não devemos esquecer da sua importância. Divulgação científica é uma ótima medida paliativa para mantermos a ciência pulsando nas mídias e chegando a pessoas de diversas maneiras. O que não devemos fazer é deixar de acompanhar a divulgação científica sobre educação. É abissal o desconhecimento tanto de professores como de cientistas (em geral) sobre como são feitos e como funcionam os currículos da educação básica.
O problema começa por aí. A boiada das políticas educacionais voltadas para a formação técnica, acrítica, apolítica, ahistórica e acientifica está passando. E nós, voltamos nossos olhos para os assuntos do momento e ficamos letárgicos para o que realmente importa. Quer saber um pouco mais sobre esse assunto? Confira esse episódio do nosso podcast e entenda mais sobre a Base Nacional Comum Curricular da educação básica brasileira.
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